O bebê que nunca foi para casa
percepções de mães diante do óbito em UTI Neonatal
DOI:
https://doi.org/10.57167/Rev-SBPH.v27.626Palavras-chave:
Neonatologia, Luto, MãesResumo
O óbito neonatal altera a ordem das perdas socialmente pressupostas, facilitando intensa vulnerabilidade emocional para as mães. A rotina em UTI Neonatal frequentemente impacta na construção do vínculo afetivo entre mãe e bebê, especialmente quando a convivência ocorreu exclusivamente neste ambiente antes do óbito do recém-nascido. Diante disso, o presente estudo objetivou compreender a experiência emocional de mães diante da morte do bebê recém-nascido em UTI Neonatal. Para alcançar essa proposta foi realizada uma pesquisa qualitativa de caráter experiencial e interpretativo. Para a coleta de dados foram realizadas entrevistas semiestruturadas e aplicado questionário sociodemográfico/obstétrico com cinco mães que narraram suas vivências sobre o adoecimento e falecimento do recém-nascido. As entrevistas foram gravadas e depois transcritas na íntegra para análise dos dados. Os resultados foram examinados por meio da análise temática, o que resultou na elaboração de cinco categorias que desvelam as percepções dessas mulheres sobre o óbito neonatal. Cada categoria contém significados sobre o percurso da experiência dessas mulheres, assim como características do sofrimento vivido. Esperamos que o presente estudo contribua no cuidado multiprofissional das mães que apenas conviveram com os seus bebês na UTI de um hospital.
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