Expectativas de resultados relacionados ao efeito do uso do crack/cocaína em pacientes internados para desintoxicação

Autores

  • Partinobre Brito Freitas CREAS de Sapucaia do Sul
  • Rosemeri Siqueira Pedroso Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas da UFRGS/CPAD
  • Maria da Graça Tanori de Castro Centro de Estudos da Família e do Indivíduo
  • Katiane Secco Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões
  • Paula Carvalho Gonçalves Superintendência dos Serviços Penitenciários
  • Gabriel Soares Ledur Alves Escola de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Sul
  • Marcelo Rossoni da Rocha Pontifícia Universidade Católica
  • Letícia Leite Pontifícia Universidade Católica
  • Paola Lucena dos Santos Universidade de Coimbra
  • Renata Brasil Araujo Hospital Psiquiátrico São Pedro

DOI:

https://doi.org/10.57167/Rev-SBPH.17.353

Palavras-chave:

cacaína, crack, expectativa

Resumo

Introdução: Este estudo analisou as expectativas de resultados relacionados ao uso de crack em pacientes internados para desintoxicação. Trata-se de uma pesquisa quantitativa e transversal conduzida em uma amostra de 83 homens com dependência de crack/cocaína, com idade média de 27,02 anos (DP=6,46; 18-49). Método: Dados sociodemográficos e o padrão de consumo de substâncias psicoactivas foram avaliados. As expectativas de resultados quanto ao uso do crack foram avaliadas através de cinco Escalas Analógico-Visuais (de 0: discordo totalmente a 10: concordo totalmente), que avaliavam os domínios Percepção, Comportamento, Aspectos Físicos, Aspectos Emocionais e Craving. Resultados: Foram encontradas médias de 6,43, 8,52, 7,75, 8,29 e 9,72 para os domínios de Percepção, Comportamento, Aspectos Físicos, Aspectos Emocionais e Craving, respectivamente. O domínio Comportamento foi positivamente correlacionado com o último uso de crack (r=0,202; p<0,01) e o tempo de hospitalização (r=0,233; p<0,01), enquanto que o domínio Percepção foi correlacionado com a idade (r=0,240; p<0,05). Conclusão: A partir da perspectiva desta amostra, o uso de crack estava associado a alterações emocionais, físicas, comportamentais e à fissura. Quanto maior era a idade dos pacientes, maior a era o reconhecimento dos efeitos perceptivos, enquanto que os pacientes com maior tempo de hospitalização percebiam melhor as alterações comportamentais.

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Biografia do Autor

Partinobre Brito Freitas, CREAS de Sapucaia do Sul

Psicólogo (UNISC). Especialista em Saúde Mental (PUC-RS). Aperfeiçoamento Especializado em Dependência Química (ESP-RS). Psicólogo do CREAS de Sapucaia do Sul. Psicólogo Clínico.

Rosemeri Siqueira Pedroso, Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas da UFRGS/CPAD

Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas da UFRGS/CPAD - Psicóloga, Doutora em Ciências Médicas/Psiquiatria pelo Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas da UFRGS/CPAD.

Maria da Graça Tanori de Castro, Centro de Estudos da Família e do Indivíduo

Médica Psiquiatra, Mestre em Psicologia pela PUCRS. Professora do Curso de Especialização em Terapia Cognitivo-Comportamental do CEFI (Centro de Estudos da Família e do Indivíduo) e do Instituto WP.

Katiane Secco, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

Enfermeira (URI). Pós-Graduada em Administração em Saúde Pública. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Rio Grande do Sul.

Paula Carvalho Gonçalves, Superintendência dos Serviços Penitenciários

Psicóloga, Residência em Saúde Coletiva: Saúde Mental - Escola de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Sul. Psicóloga na Superintendência dos Serviços Penitenciários (SUSEPE).

Gabriel Soares Ledur Alves, Escola de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Sul

Educador físico. Realizou Aperfeiçoamento Especializado em Saúde Mental: Ênfase em Álcool e outras
Drogas pela Escola de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Sul.

Marcelo Rossoni da Rocha, Pontifícia Universidade Católica

Psicólogo (PUC-RS). Especialista em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental (PUC-RS).

Letícia Leite, Pontifícia Universidade Católica

Psicóloga, Especialista em Terapias Cognitivas, Mestre e Doutoranda em Ciências da Saúde, ênfase Neurociências, pela PUCRS.

Paola Lucena dos Santos, Universidade de Coimbra

Psicóloga (PUC-RS), Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde (Universidade de Coimbra/Portugal),
Doutoranda em Psicologia Clínica (Universidade de Coimbra).

Renata Brasil Araujo, Hospital Psiquiátrico São Pedro

Psicóloga. Mestre e Doutora em Psicologia Clínica (PUC-RS). Psicóloga do Hospital Psiquiátrico São Pedro. Diretora e Psicóloga da Cognitá - Clínica de Terapia Cognitivo Comportamental. Professora de cursos de pós-graduação em Terapias Cognitivas de diversas instituições do país.

Referências

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Publicado

07-01-2014

Como Citar

Freitas, P. B., Pedroso, R. S., Castro, M. da G. T. de, Secco, K., Gonçalves, P. C., Alves, G. S. L., … Araujo, R. B. (2014). Expectativas de resultados relacionados ao efeito do uso do crack/cocaína em pacientes internados para desintoxicação. Revista Da Sociedade Brasileira De Psicologia Hospitalar, 17(2), 123–136. https://doi.org/10.57167/Rev-SBPH.17.353

Edição

Seção

Pesquisa original