Morte infantojuvenil
perspectivas dos profissionais de saúde
DOI:
https://doi.org/10.57167/Rev-SBPH.2025.v28.740Palavras-chave:
Atitude frente à morte, Atitudes profissionais, Crianças, AdolescentesResumo
A morte é um fenômeno comum na vida humana e sua elaboração é influenciada por processos socioculturais. Quando envolve infantojuvenis, o luto torna-se mais complexo. Profissionais da saúde, frequentemente expostos a essa realidade, enfrentam desafios tanto emocionais quanto técnicos. O objetivo deste estudo foi investigar as percepções desses profissionais em relação à morte de crianças e adolescentes e verificar como foram preparados para lidar com essas situações durante sua formação acadêmica. O estudo teve delineamento transversal, descritivo e qualitativo. Oito profissionais da saúde participaram, incluindo psicólogos, enfermeiros, médicos, nutricionistas e técnicos de enfermagem. Entre os participantes, 87,5% eram do sexo feminino, com uma média de idade de 30,4 anos. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, e a análise seguiu a técnica de Análise de Conteúdo. Quatro categorias temáticas emergiram: vinculação à morte infantojuvenil; frustração e impotência; o cotidiano profissional; e a influência da vida pessoal. Os profissionais relataram maior dificuldade em lidar com a família após o óbito do paciente pediátrico, assim como a presença de sentimentos de impotência em relação aos cuidados oferecidos. A vivência concomitante de um luto pessoal foi um fator de influência na vivência de óbitos no ambiente de trabalho. A principal estratégia de enfrentamento mencionada foi o apoio social, tanto entre colegas de trabalho quanto de amigos e familiares. Concluiu-se que há uma carência significativa de habilidades e preparo emocional para lidar com a morte de crianças e adolescentes, refletindo as múltiplas dificuldades que os profissionais de saúde enfrentam ao conviver com esse fenômeno.
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